sexta-feira, 25 de abril de 2008

INTERNACIONAL / Internet


Site pornô para cegos vira fenômeno cult nos EUA
BBC Brasil

Um site dirigido a cegos que oferece descrições em áudio de páginas pornôs na internet está virando um fenômeno cult nos Estados Unidos.

Chamado Porn for the Blind (Pornô para cegos, em tradução literal), o site disponibiliza clipes sonoros que trazem descrições, gravadas por voluntários, de cenas de sexo disponíveis na internet. Somente neste mês de abril o site já recebeu mais de 150 mil visitas.

Antes de cada gravação, o locutor informa o endereço do site está descrevendo para que os cegos possam acessar a página e então inicia a descrição das cenas de forma clara e direta com detalhes do cenário, cores, personagens e ambiente para que o usuário possa "imaginar" o que está se passando no vídeo.

O site, fundado em 2006, passou a aumentar gradualmente sua audiência desde que disponibilizou um software que permite que internautas voluntários gravem as descrições pornôs em áudio.

Segundo um dos fundadores, identificado como Elmer, desde que o sistema foi disponibilizado, em agosto de 2007, o site conta com 30 arquivos de áudio. Em entrevista à BBC Brasil, ele afirmou que o resultado tem sido positivo, mas que os usuários ainda pedem melhorias.

"A maioria das gravações até agora foram feitas por homens e os usuários pedem mais clipes com vozes femininas e mais 'picantes'", disse Elmer.

Ele comentou que vários usuários têm indagado se algumas das vozes seriam de celebridades. Elmer não negou ou confirmou se este seria o caso.

Elmer acredita que grande parte dos voluntários que enviam as gravações são "pessoas comuns que querem contribuir com uma diferença positiva no mundo".

De acordo com ele, a equipe ainda não teve que censurar nenhuma das gravações oferecidas pelos voluntários. No entanto, ele explica que alguns problemas técnicos em certos clipes obrigam os administradores a tirá-los da página.

Segundo Elmer, a intenção do Porn for the Blind é "oferecer descrições de todas as páginas pornográficas disponíveis na internet".

BRASIL/ Educação

23/04/2008 - 15h00

MEC estabelece critérios para criação de cursos de medicina

da Folha Online

Os próximos cursos de graduação em medicina que serão criados no país terão que cumprir diretrizes curriculares estabelecidas pelo MEC (Ministério da Educação). O documento com a avaliação foi publicado no último dia 14 de abril pela Secretaria de Educação Superior e pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

De acordo com o MEC, entre os novos requisitos estão o de que o curso esteja conectado a instituições que oferecem outros cursos bem-avaliados na área de saúde; que ele se integre às redes locais de saúde; que o número de vagas esteja adequado; que haja laboratórios e biblioteca; que tenha hospital próprio ou convênio com outro por ao menos dez anos; e que tenha programas credenciados de residência médica.

O secretário de Educação Superior, Ronaldo Mota, sinalizou que a criação de novos critérios pode levar a medidas como descredenciamento de cursos insatisfatórios, redução de vagas ou mesmo suspensão de processos seletivos.

INTERNACIONAL / ONU

Cai distância entre países ricos e pobres,
aponta relatório da ONU

da Agência Brasil,
Ganacom Folha Online

O abismo entre os níveis de riqueza dos países desenvolvidos e em desenvolvimento está um pouco menor. A distância, que era de 20 para 1 em 1990, caiu para uma proporção de 16 para 1 em 2006. A conclusão consta de relatório da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) sobre os efeitos da globalização no desenvolvimento.
O documento foi divulgado na 12ª Unctad, que será encerrada hoje em Acra (Gana).
Na avaliação da Unctad, a brecha entre ricos e pobres diminuiu devido ao rápido crescimento econômico registrado desde 2002 pelos países em desenvolvimento e em transição.

Apenas entre 2003 e 2006, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita cresceu 3,7% na América Latina e Caribe (4,3% apenas na América do Sul), 3% na África e 6,2% na Ásia. Nas economias em transição, o aumento foi de 9,7% entre os asiáticos, e de 7,3% entre os europeus. Nos países desenvolvidos, a média foi de 1,9%.

Embora ainda muito desequilibrada, a participação no PIB mundial também mudou nas últimas décadas. Segundo a Unctad, os países desenvolvidos --que representam apenas 16% da população mundial-- produziram 73% do PIB nominal de 2006. Em1980, essa participação era de 80%.

A fatia dos países em desenvolvimento nas exportações mundiais chegou a 36% em 2006, totalizando US$ 3,7 trilhões.

O comércio Sul-Sul, defendido pelo Brasil, triplicou entre 1995 e 2005, embora os países mais pobres continuem dependendo de exportações de produtos básicos de baixo valor agregado. O maior volume de comércio foi registrado pelos países asiáticos, que alcançaram US$ 1,69 trilhões nas trocas intra-Ásia e com outras regiões do sul do Planeta (cerca de US$ 100 bilhões em trocas com a América Latina).

"Considera-se que hoje são os maiores países em desenvolvimento, com crescimento mais rápido, que estabilizam a economia mundial devido ao dinamismo e abertura", afirma o secretário-geral da Unctad, Supchai Panitchpakdi, ex diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Como muitos países em desenvolvimento obtiveram déficit em conta corrente, eles se tornaram importantes provedores de capital para o resto do mundo, conclui Supachai.

BRASIL/ Telecomunicação

25/04/2008 - 16h00

Oi anuncia compra da Brasil Telecom por R$ 5,8 bilhões

da Folha Online

Atualizada às 16h25

O grupo de telefonia Oi anunciou nesta sexta-feira a aquisição da Brasil Telecom por R$ 5,863 bilhões, na conclusão do negócio mais aguardado pelo mercado nos últimos meses. O valor ficou acima de algumas estimativas que já circulavam pelo mercado, em torno de R$ 4,8 bilhões.

"A Telemar entende que a complementaridade dos serviços telefônicos fixos comutados, dos serviços de telefonia móvel e dos serviços de comunicação de dados prestados pela Telemar e pela BrT permitirá a obtenção de economias de escala e de escopo que resultarão no melhor atendimento das necessidades do mercado e dos consumidores", disse a empresa em comunicação.

Do valor total, R$ 4,982 bilhões foram pagos para a aquisição da Invitel (dona da Solpart, que por sua vez é a controladora da Brasil Telecom Participações). Outros R$ 881 milhões serão pagos por ações de emissão da Brasil Telecom Participações detidas por alguns dos acionistas da BrT vinculados ao acordo feito entre os acionistas controladores da empresa --entre eles os fundos de pensão.

O negócio ainda depende de mudança na legislação do setor --já que atualmente é proibido uma empresa de telefonia fixa comprar outra de diferente área de atuação--, e de aprovação pelos órgãos reguladores, como a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Os dois órgãos ainda não foram notificados.

O contrato prevê que em 240 dias a Anatel deve aprovar a aquisição e uma oferta pública de aquisição de ações ordinárias da BrT em circulação no mercado também deve ocorrer. O fechamento da operação deve ocorrer em até 10 dias depois da aprovação da Anatel. Caso isso não ocorra, o contrato será desfeito e a Telemar pagará R$ 490 milhões de multa.

Independente do fechamento ou não do contrato, a Telemar pagará R$ 315 milhões para eliminar todas as pendências judiciais relativas à disputa do controle acionário da BrT --que envolvem os fundos de pensão Previ e Petros e os bancos Citigroup e Opportunity.

Assim que a aquisição for concretizada, a Oi fará uma OPA (Oferta Pública de Ações) obrigatória para adquirir as ações de minoritários, conforme determina as regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Nessa oferta a Oi pagará R$ 57,85 por ação ordinária da Brasil Telecom Participações e R$ 54,31 por ação ordinária da BrT.

A Oi também deverá fazer uma OPA, esta voluntária, para adquirir até um terço das ações preferenciais da Brasil Telecom Participações e da BrT, ao preço de R$ 30,47 e R$ 23,42, respectivamente. Segundo a empresa, esses preços representam um prêmio de 32,6% sobre a média das cotações das ações nos últimos 90 dias.

Negociação

Em comunicado hoje pela manhã, a holding Telemar Participações, que detém a operadora Oi, já havia adiantado que a conclusão e o conseqüente anúncio da operação poderia ocorrer hoje. Há pelo menos cinco meses circulam notícias sobre as negociações entre os executivos e advogados das duas empresas.

Todas as pendências envolvendo os sócios Citigroup e Opportunity, do empresário Daniel Dantas, que eram o último empecilho na Brasil Telecom, foram resolvidas no mês passado.
Embora a legislação atual do setor de telecomunicações possa ser outro empecilho, o governo já afirmou que mudará as regras para dar "sinal verde" à fusão.
No início deste mês, o presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Ronaldo Sardenberg, afirmou que os estudos para mudanças em leis e regulamentos do setor também estavam "se aproximando do seu auge".

Para aceitar mudança na legislação e permitir a fusão Oi/BrT, o governo, porém, disse querer contrapartidas das empresas, mas não informou quais seriam elas. Além disso, já se articulou para garantir que no futuro a nova tele possa cair em mãos estrangeiras. Assim, caso os acionistas resolvam vender o controle da nova empresa, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) terá preferência sobre a venda de participações.

BRASIL/ Telecomunicação

25/04/2008 - 16h02

Entenda o setor de telecomunicações no Brasil


LORENNA RODRIGUES
da Folha Online, em Brasília

Um ano antes da privatização da telefonia, em 1998, foi sancionada a Lei Geral de Telecomunicações, que organizou o setor e determinou a criação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), dando assim os primeiros passos para a abertura do setor à iniciativa privada. A LGT dividiu o serviço em três regimes jurídicos: público, privado e misto.

No serviço público a tarifa é regulada pela Anatel que pode ainda estabelecer obrigações quanto à qualidade do serviço e a universalização da oferta. Já no privado, preço e qualidade são regulados pelo mercado.

A telefonia fixa é considerada serviço misto. Há empresas com a tarifa controlada pela Anatel e uma série de obrigações a cumprir, mas também outras que prestam serviços privados, cuja tarifa é regulada pelo mercado. Essas últimas são chamadas de espelho, enquanto as primeiras são concessionárias.

Até hoje, as concessionárias eram Telefônica, Brasil Telecom, Oi, Sercomtel, CTBC e Embratel. Com a fusão da Oi e Brasil Telecom, foi criada uma empresa de telefonia fixa de capital nacional.
Essas empresas têm concessão para operar o serviço até 2025. Na época da privatização, o governo dividiu o país em regiões e cada uma das empresas recebeu uma área --com exceção da Embratel, que faz apenas serviços de longa distância. Nessa época, foi criado o Plano Geral de Outorgas que impede que uma mesma concessionária esteja presente em duas áreas diferentes. Se por acaso o controle de duas empresas passar a ser de uma mesma companhia, ela tem 18 meses para se desfazer de uma das áreas.

É o PGO que proíbe, por exemplo, que a Brasil Telecom e a Oi se fundem. O governo, porém, está em vias de anunciar novo documento para permitir a fusão das empresas.

Com a privatização, foram criadas também as empresas espelho, que atuariam nas mesmas áreas das concessionárias, mas sem a regulação da tarifa e sem obrigações. Isso porque, enquanto as concessionárias herdaram as redes da Telebrás, as espelhos teriam que começar do zero. Foi o caso da Vésper - comprada depois pela Embratel - da Intelig e da GVT.

Para atuar como empresa espelho, basta pedir uma autorização para a Anatel. A TIM, por exemplo, tem uma licença para oferecer serviços de telefonia fixa como uma empresa espelho.

Celular

No caso da telefonia celular, um serviço considerado privado, a Anatel não define tarifas: o preço é regulado pelo mercado. Não há obrigações previstas em contratos, a não ser, por exemplo, no caso do leilão para freqüências em que a Anatel condicionou a venda das faixas à universalização do serviço.

Na telefonia móvel, há uma limitação física para a prestação do serviço. Assim como as emissoras de rádio precisam ser divididas em estações ou, do contrário, uma teria interferência na outra, cada operadora de celular tem que usar uma faixa de freqüência diferente para evitar as interferências.
As faixas são leiloadas pela Anatel.
No ano passado, por exemplo, foram vendidas bandas para serviços de terceira geração, que permitirão maior rapidez no envio de dados e o acesso à internet pelo celular.

INTERNACIONAL / Palestina

Milhares de palestinos pedem fim do bloqueio israelense à faixa de Gaza

Carregando bandeiras do Hamas, milhares de palestinos que apóiam o grupo extremista islâmico protestaram nesta sexta-feira contra o bloqueio israelense à faixa de Gaza. A manifestação teria sido convocada pelo próprio Hamas, que controla a região desde junho de 2007.

De acordo com a agência de notícias Associated Press, cerca de 5.000 manifestantes se reuniram a várias centenas de metros da passagem de Erez, na fronteira com Israel. Os organizadores impediram que os manifestantes se aproximassem muito da passagem para evitar que fossem atacados pelo Exército israelense.

Ainda segundo a AP, outros cerca de 2.000 se reuniram na passagem de Rafah, na fronteira com o Egito. Além de bandeiras do Hamas, eles também carregavam bandeiras palestinas.

O governo egípcio enviou reforço de cerca de 300 a 400 policiais para a fronteira na tentativa de impedir a entrada de palestinos no país, segundo fontes de segurança que não tiveram seus nomes divulgados pela Reuters. "O reforço da segurança ocorre como medida de precaução, para evitar qualquer operação por parte do lado palestino no sentindo de invadir o território egípcio", disse uma das fontes, pedindo anonimato.

Em janeiro, militantes palestinos explodiram a cerca da fronteira, permitindo que milhares de pessoas entrassem no Egito durante dez dias para estocar comida e combustível --burlando assim o bloqueio-- antes que a passagem fosse novamente fechada.

O cerco israelense teve início em junho de 2007, quando o Hamas tomou o controle da faixa de Gaza após seis dias de combates contra as forças leais ao presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina) e líder do Fatah, Mahmoud Abbas.

O protesto desta sexta-feira percorreu a estrada Salahadeen, que liga norte e sul da faixa de Gaza, um dia depois que a UNRWA (agência da ONU para ajuda aos refugiados palestinos) anunciou a suspensão da ajuda humanitária a mais da metade da população do território por causa da falta de gasolina originada com o bloqueio israelense.

Suspensão

Nesta quinta-feira (24), a UNRWA suspendeu o envio de alimentos à faixa de Gaza após ficar sem combustível. Em um comunicado, a agência disse que foi obrigada a "suspender a ajuda humanitária a mais da metade da população de Gaza devido a uma crise de gasolina".

Mahmoud al Khuzundar, da Associação dos Proprietários de Postos de Combustível na faixa de Gaza, disse ontem que 50 mil litros de diesel seriam entregues para a UNRWA para ajudar na distribuição de suprimentos. Mas um grupo de agricultores de Gaza que queria a distribuição de combustível fosse aberta bloqueou o veículo que transportava o combustível antes que ele
alcançasse o terminal para ser distribuído.

No dia anterior, o chefe de operações da UNRWA em Gaza, John Ging, advertiu que o combustível acabaria e que não poderia continuar com as atividades que precisavam de transporte rodoviário se Israel não retomasse o fornecimento regular de combustível.

O número de pessoas que ficarão sem assistência básica é de, ao menos, cerca de 650 mil pessoas, segundo a agência de notícias France Presse. A Reuters estima em 700 mil o número de palestinos sem ajuda alimentícia.

Israel é o único abastecedor de combustível a Gaza, mas interrompeu os envios no dia 9 depois que militantes palestinos mataram dois israelenses em um ataque na passagem fronteiriça de Nahal Oz, um dos pontos de entrada de combustível.

Nesta sexta-feira, a ONU fez um alerta sobre as conseqüências negativas para o processo de paz israelo-palestino da falta de combustível na faixa de Gaza. "Quando as pessoas estão famintas e revoltadas, isto não serve nem à paz nem aos interesses em termos de segurança de Israel", afirmou à France Presse Chris Gunness, porta-voz da UNRWA. "Há um processo de paz em curso e isto não ajuda nada", acrescentou.

Crise

Em outubro, o governo israelense já havia aprovado reduzir parcialmente o fluxo de combustível derivado de petróleo e eletricidade a Gaza após declarar a faixa "território inimigo".

Funcionários palestinos advertiram na quarta-feira (23) de que a principal usina de eletricidade de Gaza pararia de funcionar por falta de combustível. Por isso, as autoridades israelenses autorizaram a entrada de 1 milhão de litros, o que permitirá à fábrica funcionar por ao menos três dias.

No entanto, a entrada de gás, gasolina ou outro tipo de combustível para o transporte ou consumo interno continua suspensa.

Apelo

O comissário europeu para o Desenvolvimento e a Ajuda Humanitária, Louis Michel, fez nesta quinta-feira um apelo a Israel para que garanta a provisão de combustível a Gaza. Ele afirmou que 'é inaceitável que a ONU tenha que considerar a suspensão de suas operações humanitárias só porque falta combustível para seus veículos'.

"É essencial que se restaure a provisão de combustível a Gaza e, em particular, deve ser garantido imediatamente o combustível voltado às agências das Nações Unidas e aos serviços básicos".

INTERNACIONAL / Japão

25/04/2008 - 14h49

Japão anuncia US$ 100 milhões para diminuir efeitos da alta de alimentos

Folha Online
da Agência Brasil, em Acra (Gana)

A exemplo do que fez o Reino Unido, o Japão anunciou nesta sexta-feira que aplicará US$ 100 milhões em ações concentradas nos próximos três meses para amenizar os efeitos da elevação mundial dos preços dos alimentos. Desse total, US$ 50 milhões serão direcionados já no mês que vem a países africanos, por meio do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU (Organização das Nações Unidas).

Segundo comunicado do Ministério de Relações Exteriores do Japão, que circulou hoje na 12ª Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), a ajuda atende a apelo emergencial do PMA.

De acordo com o comunicado, o Japão já havia contribuído com US$ 68 milhões para o programa da ONU em 2008. Em 2007, o país destinou US$ 119 milhões ao fundo, ficando em quinto no ranking de doadores.

Além da ajuda financeira, o país asiático decidiu incluir o boom das commodities (mercadorias de cotação internacional) entre os temas da próxima reunião do G8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo e Rússia), que será realizada entre 7 e 9 de julho em Hokkaido Toyako.

Na última terça-feira (22), o Reino Unido anunciou US$ 980 milhões para atacar a disparada dos preços mundiais do alimentos com ações de curto e longo prazos

sábado, 12 de abril de 2008

INTERNACIONAL / Eleição Paraguai

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ELEIÇÕES PARAGUAIAS

Apesar das preocupações da oposição e dos observadores internacionais, registradas durante a semana, os três principais candidatos à presidência no Paraguai afirmaram neste domingo de eleições que vão respeitar o resultado eleitoral, seja ele qual for.

“Hoje é um dia histórico, um dia democrático que temos que respeitar”, disse o candidato e ex-bispo da Igreja Católica Fernando Lugo, da Aliança Patriótica para a Mudança (APC, na sigla em espanhol), pouco depois de votar acompanhado por Frei Beto.

“Hoje é um dia especial, no qual graças à democracia, somos todos iguais. (...) E essa democracia deve ser respeitada”, declarou a candidata do governo Blanca Ovelar, do Partido Colorado.

Os jornalistas locais voltaram a perguntar a Ovelar sobre a legitimidade de sua candidatura, questionada pelo ex-vice-presidente da República, Luis Castiglioni, que disse ter sido derrotado por fraude na interna do partido que está há 61 anos, ininterruptos, no poder.

“Reitero, venci de forma legitima”, afirmou Ovelar.

O general da reserva Lino Oviedo, do UNACE (União Nacional de Cidadãos Éticos), pediu aos eleitores que votem e recebam o resultado com a “paciência paraguaia”.

Recontagem

Mas apesar destas declarações dos presidenciáveis, o vice-presidente do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), Juan Manuel Morales, não descartou que representantes da candidatura de Lugo, favorito, segundo pesquisas de opinião, peçam a recontagem dos votos.

Quase cinco horas após a abertura das urnas, às sete da manhã, foram registrados incidentes isolados.

Um jovem foi preso com um punhal no colégio República Dominicana de Fernando de La Mora, em Assunção, onde Lugo acompanhava a votação de seu candidato a vice, Federico Franco.

Segundo o jornal Última Hora, em sua edição online, o jovem teria alegado que estava armado para “defender o ex-bispo dos insultos dos colorados”, os seguidores do Partido Colorado.

Ali, alguns eleitores vaiaram o presidenciável. “As vaias dos colorados fazem parte do processo democrático”, disse Lugo.

Na noite da véspera, eleitores “colorados” entraram numa igreja, onde era realizada uma missa, e gritaram contra seguidores do ex-bispo.

Neste domingo, após votar às sete da manha, Lugo participou de uma missa, acompanhado de Frei Beto.

“Somos amigos, comungamos as mesmas teses e convicções (...). Acho que a relação Lugo-Lula será excelente”, disse Frei Beto.

Quando perguntado sobre uma das principais propostas de Lugo, de revisão do tratado da hidrelétrica binacional de Itaipu, ele respondeu que apóia a iniciativa do paraguaio.

“Claro, porque é um tratado assinado durante ditaduras e o preço é injusto. Então, acho que deve ser renegociado”.

As urnas foram abertas às sete da manhã, mas com atrasos em alguns pontos de votação, como no colégio Alvarim Romero, no bairro de Villa Mora, onde votou Oviedo.

A previsão é de que a votação terminará às 16h no horário local e que os primeiros resultados deverão ser divulgados depois das 20h (21hs no horário de Brasília).

INTERNACIONAL / Argentina


Le Monde Brasil - 17/4/2008

Sexta-Feira, 11 Abril 2008


Queda queda-de-braços entre o governo da Argentina e os grandes proprietários de terras mostra que é, sim, possível redistribuir os lucros do agronegócio

(Por Marília Arantes, da Redação)

No último mês de março, colunas de ruralistas argentinos seguiram rumo a Buenos Aires. A mobilização buscava obrigar a presidente Cristina Kirchner a voltar atrás de uma decisão tomada em 11/3, quando foram elevadas as alíquotas do imposto sobre a exportação de produtos agrícolas. Em parte, conseguiu resultados. Três semanas de protestos (que incluíram corte do abastecimento alimentício à capital, por meio de bloqueio das estradas por caminhões), deixaram a capital federal desabastecida e caótica, fazendo sofrer os portenhos. Setores da população, sensibilizados contra o que a maior parte da mídia chamou de “confisco” contra os produtores agrícolas, aderiram. Contudo, no último 2/4, a situação foi normalizada.


Ao fazer concessões aos pequenos produtores, Cristina isolou os grandes ruralistas. Novas mobilizações, em favor das medidas da presidente, superaram as contrárias. Os tributos sobre as exportações continuam valendo. Na Argentina, ao menos uma parte dos ganhos extraordinários obtidos pelos proprietários de terras, com a alta internacional das matérias-primas, é redistribuída por meio de impostos.


Os fatos ajudam a jogar luz sobre novas relações econômicas e políticas, em países que são (como o Brasil) fortes produtores agrícolas. A reporter Stella Spinelli conta, no site Peace Reporter, (ler também em nosso clip) que as exportações de grãos da Argentina – para a velha Europa e agora também para China, Índia e Sudoeste da Ásia, onde o consumo de alimentos cresce sem parar – chegaram a 13 bilhões de dólares anuais. As grandes plantações de milho, girassol e principalmente de soja transgênica invadiram o interior do país, tomando espaço da criação de gado e de culturas tradicionais, como o trigo e o algodão.


Além disto, 80% dos lucros do agronegócio ficam nas mãos dos grandes proprietários. Somente 2% dos produtores concentram a propriedade de 55% da terra cultivada para os fins de exportação, em uma média de 15 mil hectares cada fazenda. Estão associados a gigantes mundiais do processamento e comércio de produtos agrícolas, como Bunge, Dreyfus e Cargill
É justo que tão poucos enriqueçam com a nova conjuntura?

A quem pertencem a água que irriga as lavouras, ou a luz que as alimenta: aos que já monopolizam a terra? Desde 2002, o governo argentino criou um tributo – denominado taxa de retenção – sobre o valor das exportações agrícolas. A alíquota foi elevada para 35% na presidência de Nestor Kirchner. Ainda assim, os preços internacionais são tão apetitosos que as vendas ao exterior continuaram crescendo – a ponto de provocar desabastecimento interno. A nova elevação do imposto (agora para 44%, no caso da soja) visou, também, enfrentar este problema.


O país ganha: entre outras ações, a receita tem servido para financiar a produção de milho e trigo, consumidos no mercado interno e cultivados, em geral, por pequenos produtores. Os exportadores não perdem, como mostra artigo publicado em 8 de abril pelo ex-ministro da Fazenda brasileiro Luiz Carlos Bresser Pereira, insuspeito de esquerdismo (ler no clip).
A reação à medida de Cristina é principalmente ideológica: os grandes produtores não suportam a idéia de distribuir o que julgam “seu”. Em sua grita, souberam mobilizar parte dos pequenos – muito mais numerosos, e também obrigados ao tributo.


Cristina cede aos pequenos produtores e isola a “oligarquia rural”


Para enfrentar o que chama de oligarquia rural, a presidente fez concessões aos menores, apresentadas num pacote de sete medidas, no início de abril. Entre outros benefícios, o Estado restituirá automaticamente, a quem exporta até 50 toneladas anuais, parte do valor arrecadado com a nova alíquota. Também participará com 50% do preço do frete até o porto, quando a distância percorrida for superior a 400 quilômetros. Foi o que isolou, ao menos até o momento, os grandes ruralistas – que contam com enorme apoio no Legislativo, na mídia, no próprio aparato do Estado.


É uma pena que o conflito argentino seja tratado, no Brasil, sem a profundidade necessária. O país caminha para se tornar o maior exportador agrícola mundial. As exportações agrícolas (e de minérios) foram as principais responsáveis pelos expressivos saldos comerciais dos últimos anos. Mas esta “eficiência” tem sido alcançada com enorme concentração da propriedade, condições de trabalho desumanas e ataque permanente aos principais ecossistemas do país (em especial, o cerrado e a Amazônia).

A adoção bem-sucedida, no país vizinho, de um imposto sobre as exportações revela que é perfeitamente possível rever, aqui, o modelo de favorecimento ao agronegócio e adotar políticas que distribuam de forma mais eqüânime os benefícios de nossa potencialidade agrícola

INTERNACIONAL / BRIC

Brasil tem pior crescimento de exportações entre Brics, diz OMC

da Folha Online 17/4/2008
da Efe e da France Presse, em Genebra


O Brasil teve o pior crescimento das exportações em 2007 ante os países emergentes, informou nesta quinta-feira a OMC (Organização Mundial do Comércio) em suas perspectivas para o comércio mundial em 2008.


A OMC ainda informou no documento que as economias em desenvolvimento e em transição são as que estão amortecendo a desaceleração do comércio mundial. Para 2008, a entidade estimou crescimento de apenas 4,5% do comércio mundial --contra 5,5% em 2007 (dados preliminares) e 8,5% em 2006, segundo o informe.

Segundo o órgão, as exportações brasileiras cresceram 17% no ano passado --o mesmo índice obtido pela Rússia. Já as exportações chinesas cresceram 26%, e as indianas subiram 20%.

O Brasil ocupou no ano passado a 23ª posição no ranking de maiores exportadores, com US$ 161 bilhões --cerca de 1,2% das exportações mundiais. É um desempenho superior ao da Índia (US$ 145 bilhões), mas inferior ao da China (US$ 1,218 trilhão) e ao da Rússia (US$ 355 bilhões).

O desempenho brasileiro nas exportações também está abaixo da média dos países que formam o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), que atingiu 18%, mas é superior à média dos países da América do Sul e Central (15%).

Por outro lado, o país é o 27º maior importador, com compras de US$ 127 bilhões (0,9% do total mundial).

Mundo

Sobre o comércio global, a OMC advertiu que se as turbulências nos mercados financeiros continuarem e as economias desenvolvidas tiverem uma desaceleração mais pronunciada, o crescimento do comércio pode ser "significativamente menos de 4,5% antecipado". Neste ano, a taxa de crescimento dependerá de quanto durarem as turbulências financeiras nos países desenvolvidos.

A OMC ponderou, no entanto, que a taxa poderia ser ainda menor "já que a forte desaceleração econômica que estão experimentando importantes países desenvolvidos tem sido compensada, em parte, pela continuação de um vigoroso crescimento das economias emergentes", afirma o estudo.

O enfraquecimento da demanda nas economias desenvolvidas em 2007 reduziu o crescimento econômico mundial de 3,7% para 3,4%. Por outro lado, nas regiões emergentes o crescimento foi próximo de 7%.

Apesar da forte desaceleração nos países desenvolvidos, as economias em desenvolvimento e a CEI (Comunidade dos Estados Independentes) mantiveram ou aumentaram a expansão da produção, aportando em 2007 mais de 40% do aumento mundial da produção.

No ano passado, a participação dos países em desenvolvimento no comércio mundial de mercadorias alcançou um novo recorde de 34%. "O brusco aumento dos preços das matérias-primas --particularmente combustíveis e metais-- se traduziu em uma importante melhora da situação financeira da maioria das regiões em desenvolvimento e impulsionou as importações."

Por outra parte, os economistas da instituição internacional advertem que as turbulências financeiras nos países desenvolvidos "têm dificultado as perspectivas do comércio mundial em 2008".

Brasil / Reforma Agrária

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Massacre de sem-terra faz 12 anos e reclamações de assentados não mudam
Folha Online - 17/4/2008
EDUARDO SCOLES
Eenviado especial da Folha de S.Paulo a Eldorado dos Carajás

Antigas queixas, algumas delas presentes desde o massacre de Eldorado dos Carajás, exatos 12 anos atrás, ainda fazem parte da rotina das famílias do assentamento 17 de Abril, a cerca de 20 km do centro da cidade paraense.

A Folha visitou ontem o projeto e ouviu dos assentados reclamações antigas referentes a saneamento, escola, crédito para a construção de casas, energia nos lotes e, principalmente, punição aos responsáveis pelo massacre de 17 de abril de 1996.

Nesse dia, 155 PMs, numa operação para desobstruir a rodovia PA-150, mataram 19 lavradores ligados ao MST e deixaram outros 69 feridos. Únicos condenados, os comandantes da operação, coronel Mário Colares Pantoja e major José Maria de Oliveira, aguardam em liberdade a análise de recursos.

Um ato em homenagem aos mortos será organizado hoje, no local do massacre.

Dezenas dos sobreviventes estão em Eldorado do Carajás. Há 12 anos, aguardam indenização, prometida seguidas vezes. Alguns têm balas alojadas em seus corpos.

Em 1997, dada a repercussão do caso, o então governo federal tucano desapropriou área de 19 mil hectares e assentou 687 famílias. Hoje, diz a associação local, cerca de 4.000 pessoas vivem no 17 de Abril. Não há espaço nem infra-estrutura para todos.

Brasil / Reforma Agrária


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QUESTÃO AGRÁRIA


Conflito no campo mata menosRelatório divulgado pela Comissão Pastoral da Terra mostra que assassinatos por disputas na zona rural caíram de 35, em 2006, para 25, no ano passado.


Hércules Barros

Da equipe do Correio Brasiliense


Depois de perder o marido em um conflito no campo, a agricultora Iris de Oliveira agora enfrenta duas lutas: criar os dois filhos sozinha e conseguir um pedaço de terra para plantar. O marido dela, o sem-terra Valmir Mota de Oliveira, foi morto durante confronto com seguranças da fazenda experimental da multinacional suíça Syngenta, em Santa Tereza do Oeste (PR), no final do ano passado. Valmir é uma das 25 pessoas assassinadas em decorrência de ações de resistência e enfrentamento rural no Brasil em 2007, segundo o relatório Conflitos no Campo, divulgado ontem pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à Igreja Católica, durante o Acampamento Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra, que ocorre em Brasília até amanhã. “A morte dele me deu mais forças para lutar pelos meus dois filhos”, desabafa a agricultora. Apesar da perda sofrida por Iris, o levantamento da CPT mostra que o número de mortes em decorrência de conflitos agrários caiu de 35 óbitos, em 2006, para 25, no ano passado. A diminuição pode ser atribuída a um dos estados com maior número de tensões, o Pará. De acordo com o relatório da CPT, o estado registrou 19 mortes a menos no ano passado em relação a 2006: caiu de 24 para cinco mortos. “Uma explicação possível seria o conjunto de ações que vêm se seguindo em função da pressão internacional desde a morte (há três anos) da irmã Dorothy Stang”, diz o geógrafo Walter Porto Gonçalves, da Universidade Federal Fluminense, responsável por analisar os dados sobre conflitos no campo compilados pela CPT. Pela primeira vez em 23 anos, o relatório traz o registro de mortes em decorrência de conflito pela água. Os dois assassinatos foram em áreas de carcinicultura (produção de camarão), no Ceará e Rio Grande do Norte. “O agronegócio ocupa as áreas de mangue e as famílias que viviam da atividade são atropeladas e assassinadas”, afirma Antonio Canuto, secretário da Coordenação Nacional da CPT. As ações pela água envolvem também luta contra a construção de barragens e açudes, além do projeto de transposição do Rio São Francisco, que aparece no relatório da CPT como gerador de três conflitos em Cabrobó (PE). O aumento do trabalho escravo no Brasil também é destacado no documento, que aponta uma explosão no número de trabalhadores escravizados, principalmente no setor da cana-de-açúcar. As denúncias contra trabalho escravo pularam de 6,9 mil, em 2006, para 8,6 mil, no ano passado. Apesar do total de ocorrências neste ano (265) ter superado 2006 em apenas três casos, no ano passado foram libertados 2.341 pessoas a mais que em 2006. Segundo o relatório, 52% dos trabalhadores libertados pelo Grupo Móvel do Ministério do Trabalho eram explorados em usinas de cana. Ambev O relatório da CPT foi divulgado dois dias antes de o massacre em Eldorado dos Carajás (PA), onde 19 sem-terra foram mortos, completar 12 anos. A proximidade da data tem feito o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organizar uma série de invasões. Atualmente, durante o Abril Vermelho, o movimento promove ocupações e protestos em 14 estados. Ontem, cerca de 4 mil famílias acamparam em uma praça em Maceió. Também ontem, o MST divulgou que as 600 famílias que ocupam a fazenda Águas do Pilintra, em Agudos, pertencente à cervejaria Ambev, estão derrubando os eucaliptos existentes na área. O objetivo, segundo nota divulgada pela entidade, é plantar alimentos no lugar.


Uma explicação (para a diminuição de mortes no Pará) seria o conjunto de ações desde a morte da irmã Dorothy Stang

Walter Porto Gonçalves, geógrafo da Universidade Federal Fluminense

Brasil / Vilolência

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CRIME EM SÃO PAULO/ Caso Isabela
Perto da conclusãoInquérito deverá descartar participação de terceira pessoa no assassinato de Isabella Nardoni e determinar indiciamento de pai e madrasta da vítima. Prisão preventiva do casal pode ser pedida
Ullisses Campbell
Da equipe do Correio Brasiliense

São Paulo
Depois de 19 dias de investigação, a polícia de São Paulo descarta a presença de uma terceira pessoa no apartamento de Alexandre Nardoni, 29 anos, e Anna Carolina Jatobá, 24, na noite em que Isabella Nardoni, 5 anos, foi morta. Com isso, cresce a convicção dos investigadores de que o pai e a madrasta da vítima seriam mesmo os autores do crime. Dentro dessa linha de investigação, os técnicos trabalham agora para individualizar o crime, ou seja, determinar quem agrediu a menina e quem a jogou pela janela do sexto andar. A principal hipótese é a de que Anna Carolina teria espancado e asfixiado Isabella, e Alexandre, a lançado para a queda de 20m. Trechos do relatório preliminar que constará do inquérito sugerem que os delegados Calixto Calil Filho e Renata Helena Pontes deverão indiciar o casal suspeito a qualquer momento. Eles só esperam a conclusão dos últimos laudos. Os três peritos que trabalham no caso se reuniram ontem para determinar, com precisão, a causa da morte de Isabella. A intenção do grupo, que pediu a opinião de um quarto profissional, é entregar suas conclusões até sexta-feira. Eles sabem que a ferida na testa de Isabella foi feita antes da queda e que também não havia marcas de unhas no corpo da menina. Calixto e Renata receberam ontem resultados definitivos dos laudos audiovisuais, com imagens e fotos da cena do crime. No início da noite, resultados de outros laudos chegaram às mãos dos delegados. Segundo os documentos, vestígios da tela de proteção cortada na janela do apartamento foram encontrados na camisa de Alexandre. A polícia teria concluído também que os cortes na tela foram feitos em linha reta, por uma pessoa de cerca de 1,80m. Haveria também manchas de sangue na calça jeans que Anna Carolina usava na noite do crime. Outra conclusão a ser apontada pela polícia será com relação à pegada na cama onde a menina estava. A marca seria compatível com o solado de um dos calçados da madrasta. Motivação Caso decida mesmo pelo indiciamento do casal, a polícia de São Paulo terá outro desafio: determinar a motivação do crime. Em depoimento, a mãe biológica de Isabella, Ana Carolina de Oliveira, 24 anos, disse que, no passado, a atual mulher de Alexandre nutria um “ciúme doentio” por causa do contato que havia entre o ex-casal. No entanto, a mãe de Isabella disse que, recentemente, a relação entre as duas estava pacífica. Segundo uma fonte, atualmente, a maior desavença entre a mãe biológica de Isabella e Alexandre era com relação ao pagamento de pensão. O pai, que está desempregado, pagava R$ 250. Ana Carolina, porém, reivindicava R$ 1.200, para matricular a garota na natação e numa escola de inglês. Alexandre avaliava com o pai, Antônio Nardoni, a possibilidade de custear essas despesas, e isso teria deixado a madrasta de Isabella, que também está desempregada, indignada. Assim que souberam do conteúdo do relatório preliminar da polícia, os advogados de defesa correram para a casa do pai de Alexandre, onde o casal suspeito está hospedado, no bairro de Tucuruvi, Zona Norte. O defensor Marco Pólo Levorin negou mais uma vez que o pai e a madrasta tenham matado Isabella. Na segunda-feira, o advogado Luiz Berbere entrou no Tribunal de Justiça de São Paulo com um habeas corpus preventivo para evitar que eles sejam presos novamente. “Esse advogado não tem procuração dos meus clientes”, ressaltou Levorin. Na noite de segunda-feira, a delegada Renata Pontes colheu o 56º depoimento do caso. Trata-se de uma pessoa que mora nos fundos do prédio em que Isabella foi morta. Ao Correio, ele disse que ouviu “berros” de uma criança na noite do sábado e gritos histéricos de uma mulher que teriam durado cerca de 30 segundos. Em seguida, houve um silêncio e, no dia seguinte, ele soube da tragédia. “A delegada disse que eu terei que voltar para reconhecer se o grito era da madrasta”, adiantou.
Há suspeita de que alguém fez uma limpeza no local e isso dificultou o trabalho dos peritosdiretor do Instituto de Criminalística

IC suspeita de limpeza
Tiago Queiroz/AE

Policiais e técnicos em uma das perícias na cena do crime: oito visitas ao apartamento do pai e da madrasta de Isabella
A polícia precisou realizar oito perícias no apartamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, suspeitos da morte de Isabella Nardoni, 5 anos, durante os 19 dias de investigação. Ontem, o diretor do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia de São Paulo, Adílson Pereira, disse que as várias visitas ocorreram por dois motivos: primeiro, porque surgiram algumas dúvidas nas análises do material colhido no apartamento; e, segundo, porque, à medida que as testemunhas relatavam novos fatos, outros laudos periciais se tornavam necessários. Ainda segundo Pereira, a equipe de peritos teve dificuldades para trabalhar porque a cena do crime foi modificada logo depois que a Isabella foi morta. “Há suspeita de que alguém fez uma limpeza no local e isso dificultou o trabalho dos peritos”, revelou o diretor do IC ao Correio. O maior problema é que o apartamento que serviu de palco para o crime foi lacrado pela polícia apenas três dias depois do assassinato de Isabella. Irmã Segundo os advogados do casal suspeito, a última pessoa a entrar no local do crime foi Cristiane Nardoni, 26, tia de Isabella. Ela garante que, ao sair do apartamento, só apagou as luzes, fechou as portas e janelas e saiu em seguida. No domingo 30, um dia depois do crime, as chaves foram entregues ao delegado Calil Calixto Filho, segundo os advogados. A possível limpeza poderia explicar a dificuldade dos peritos em determinar se as manchas encontradas na cena do crime eram sangue ou não. A blusa que Anna Carolina usava no dia do crime, entregue à polícia junto com outras peças de roupa na segunda-feira, também teria sido lavada por causa de manchas de refrigerantes e marcas de urina de uma das crianças. Ao entregar as roupas da madrasta e de Isabella, os advogados citaram apenas que foi derramado refrigerante sobre a bata da menina. As roupas são as mesmas usadas pelas duas em um supermercado em Guarulhos, na Grande São Paulo, quatro horas antes do crime. Ao defender cautela nas investigações, Pereira disse que é preciso verificar se a lavagem teve ou não a intenção de atrapalhar as investigações.(UC) Policiais e técnicos em uma das perícias na cena do crime: oito visitas ao apartamento do pai e da madrasta de isabella
Depressão pós-parto
A madrasta de Isabella Nardoni, Anna Carolina Jatobá, 24, teve depressão pós-parto depois do nascimento do segundo filho, de 10 meses, e pode não ter tomado os medicamentos receitados pelo médico. Uma moradora do Edifício London, que também tem um filho pequeno, afirmou que conversou com Anna Carolina e ela contou que teve um filho seguido do outro e que, por isso, sofreu de depressão. Em seu depoimento, Alexandre Nardoni afirmou que tinha uma receita médica em casa, de dois remédios prescritos para a mulher. Segundo ele, a família só comprou um dos remédios, um calmante. Ele disse ainda que a mulher não conseguia dormir à noite, por causa do choro do filho menor. Anna Carolina confirmou que comprou o remédio, mas diz que nem chegou a tomar o medicamento. A polícia analisa com cuidado as contradições encontradas nas dezenas de depoimentos colhidos até agora. Vizinhos relataram à polícia que o casal costumava brigar com freqüência e duas testemunhas informaram que ouviram Alexandre e Anna Carolina discutindo violentamente na noite do crime. Em defesa dos suspeitos, o advogado Marco Polo Levorin negou a versão das testemunhas. “Qualquer casal tem divergências. Eram divergências pontuais, costumeiras na vida de qualquer casal”, disse. Em seu depoimento à polícia, Anna Carolina disse que o marido, Alexandre Nardoni, era “calmo até demais” e evitava discussões. A delegada assistente Renata Pontes disse que não descarta a possibilidade de ouvir o filho mais novo do casal, de apenas 3 anos. O promotor Francisco Cembranelli, que acompanha o caso, já afirmou ser contra esse depoimento. Segundo ele, é preciso preservar o menino. Mãe Felipe Oliveira, irmão de Ana Carolina Oliveira, mãe biológica de Isabella, disse ontem que a repercussão da morte da menina tem sido muito difícil para toda a família. Segundo ele, o assédio da imprensa e as reportagens na televisão não permitem à família, e especialmente a Ana Carolina, viverem adequadamente o luto. Segundo ele, a irmã estaria muito abatida e cada vez mais triste com a ausência da filha.
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Meio Ambiente

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FMI defende papel de emergentes em políticas ambientais
BBC BRasil - 3/4/2008


O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que quaisquer políticas ambientais que não incluam economias emergentes como Brasil, China, Índia e Rússia serão ''extremamente caras e politicamente inviáveis''.

As conclusões constam do capítulo Mudança Climática e Economia Global, que integram a versão de 2008 do relatório World Economic Outlook (WEO), que deverá ser divulgado na íntegra durante a reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial (Bird), nos próximos dias 12 e 13 de abril.

De acordo com o fundo, excluir economias em desenvolvimento não é aceitável porque projeções indicam que nos próximos 50 anos 70% das emissões de gases poluentes virão das nações emergentes.

O fundo lista como as mudanças climáticas podem ter ''efeitos de mercado'' e ''fora do mercado''. Entre os primeiros estariam influências sobre agricultura, pesca , turismo, danos a regiões costeiras devido ao aumento no nível dos mares, aumentos de gastos energéticos e mudanças no aproveitamento de recursos hídricos.

Os efeitos ''fora do mercado'' se dariam em áreas que vão desde a saúde - através da propagação de doenças infecciosas, escassez de água e poluição - até a perda da biodiversidade e a necessidade de migrações internas, com o decorrente desaparecimento de raízes culturais.

Taxas

O relatório acrescenta que muitos países emergentes terão de fortalecer suas instituições a fim de criar taxas para emissões de gases poluentes - mas que a imposição de tais taxas deve ser uma inciativa global.

De acordo com o FMI, é preciso que diferentes nações cheguem a um consenso sobre um preço mundial para a emissão de poluentes.

Isso, afirma o fundo, ''garantiria que ocorram reduções de emissões nos locais em que elas são mais improváveis de acontecer. Países emergentes e em desenvolvimento, em especial, provavelmente seriam mais capazes de reduzir emissões de forma mais barata que economias avançadas''.

O relatório acrescenta que todas as nações sairiam ganhando se houvesse uma taxa única para emissões de poluentes. ''Para o mundo como um todo, os custos seriam 50% mais baixos se os preços de emissões fossem os mesmos em diferentes países.''

O documento também faz críticas ao protecionismo na produção de biocombustíveis, afirmando que a prática propicia efeitos indiretos danosos para o setor alimentar.

''A expansão da produção de biocombustíveis nos Estados Unidos e na Europa ocidental nos últimos anos levou a uma alta do preço de alimentos e da inflação, criando sérios problemas para países pobres que têm de importar alimentos.''

O FMI acrescenta que ''a causa principal destes efeitos negativos é o fato de que as economias avançadas impuseram restrições às importações de biocombustíveis, limitando a produção de biocombustíveis em países de custo mais baixo, como o Brasil''.

INTERNACIONAL / Países em desenvolvimento

Emergentes são 41% da produção mundial, diz Bird

BBC Brasil - 12/4/2008

Os países em desenvolvimento representaram 41% da produção mundial em 2006, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Banco Mundial. Em 1995, as economias em desenvolvimento representavam 25% da produção global.

Segundo o relatório Indicadores de Desenvolvimento do Mundo 2008, cinco das 12 maiores economias do mundo são países em desenvolvimento, considerando-se a riqueza das nações em relação ao poder de compra do consumidor.

A América Latina e o Caribe foi a única das regiões de países em desenvolvimento que teve sua participação na produção mundial reduzida – de 9%, em 1995, para 8%, em 2006.

Apesar de fazer parte da única região analisada cuja produção não aumentou, o Brasil é destacado no relatório como um país com potencial para expandir ainda mais a sua participação na produção mundial.

"Na medida em que a integração global continua, países em desenvolvimento têm grandes chances de expandir a sua fatia na economia mundial, especialmente centros regionais com grandes populações e bases econômicas significativas, como Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul", afirma o relatório.

A região do Leste Asiático e Pacífico mais que duplicou a sua produção e hoje já representa 14% da economia mundial. A China já é considerada a segunda maior economia do mundo.

Outras regiões consideradas em desenvolvimento pelo Banco Mundial são Europa e Ásia Central, Oriente Médio e Norte da África, Sul da Ásia, e África Subsaariana.

Desde 1995, a produção mundial cresceu quase 50%, atingindo US$ 58,6 trilhões em 2006.

O Banco Mundial compila dados de 146 países para o relatório.

BRASIL/ Viagem Internacional - Lula

Em Praga, Lula nega sinal verde a aumento dos juros

BBC Brasil - 12/4/2008

Durante uma visita a Praga, na República Tcheca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desmentiu notícias na imprensa brasileira de que teria dado sinal verde para um aumento da taxa de juros.

"Quem acha isso (que teria autorizado o aumento) está doido", afirmou o presidente, ao ser abordado por jornalistas brasileiros na ponte Carlos, durante um passeio pela capital tcheca.
Lula disse que foi mal-interpretado por jornalistas no dia anterior, quando declarou que "não será nem a redução de 0,25 (ponto percentual) nem a manutenção (dos juros) em 11,25 nem o aumento de 0,25 que trará qualquer transtorno à economia brasileira."

Ainda na sexta-feira, em Haia, na Holanda, Lula disse que alta dos juros é uma decisão que cabe ao Banco Central. Na próxima terça e na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir se aumenta ou não os juros.

'Sem nervosismo'

"Os juros irão aumentar quando for necessário aumentar, e cair quando for necessário cair. Eu tenho dito ao ministro (presidente do Banco Central, Henrique) Meirelles e ao ministro (da Fazenda) Guido Mantega que não volte à tensão cada vez que o Copom for se reunir", declarou Lula.

Lula disse ainda que não há motivo para nervosismo.

"A economia está bem, a economia está crescendo, o crédito está crescendo, a demanda está crescendo, a produtividade está crescendo. Se você tem um aumento sazonal de um produto, você pode corrigir no próximo trimestre ou no próximo quadrimestre.

O momento é de menos palpite e mais tranqüilidade para ver as coisas acontecerem", disse o presidente na sexta-feira.

A tentativa de aproximação com a República Tcheca se dá meses antes de o país assumir a Presidência da União Européia, em janeiro do ano que vem, quando ainda devem prosseguir as negociações para um acordo de livre comércio entre o bloco europeu e o Mercosul.

O Brasil é o principal parceiro comercial da República Tcheca na América Latina, mas os números são baixos: o intercâmbio comercial foi de apenas US$ 335 milhões em 2007, com uma desvantagem de US$ 214 milhões para o lado brasileiro.

A presença de empresas brasileiras na República Tcheca é imperceptível.

terça-feira, 1 de abril de 2008

INTERNACIONAL / G8

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G8 diz que o nervosismo econômico
não afetará ajuda a
países pobres
Correio Web
Da France Presse

05/04/2008
Os países industrializados do G8 concordaram neste sábado em transmitir uma mensagem clara de apoio ao crescimento nos países pobres e se comprometeram em cumprir com suas próprias metas de ajuda ao desenvolvimento, apesar do nervosismo econômico internacional.
Ministros e altos dirigentes de programas de desenvolvimento do G8 iniciaram um encontro de dois dias na capital japonesa, durante o qual se encontrarão com seus pares do Brasil, México, China e Índia, para tratar de possíveis formas de ajuda ao desenvolvimento na África. Apoiar o desenvolvimento e a independência dos países pobres e, em particular, na África, foi o principal tema de análise do encontro neste sábado.
Os países do G8 - Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia - têm previsto anunciar neste domingo as principais linhas de seu compromisso para reunir fundos para o desenvolvimento. Os países pobres começaram a se mobilizar ante o temor de que a morosidade econômica internacional provoque uma queda do nível de ajuda.
"Não podemos deixar que os problemas da economia internacional e de cada país nos façam desistir de nossos compromissos com o desenvolvimento", declarou o mexicano Angel Gurría, secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esse encontro entre o G8 e os países emergentes estabelecerá as bases para a próxima cúpula dos Oito em Toyako (norte do Japão), em julho. Os especialistas insistirão na necessidade de investir mais na agricultura para tentar reduzir a escassez de alimentos.
No encontro deste fim de semana, os países do G8 também reclamarão mais transparência nas políticas de ajuda dos novos doadores. Das nações emergentes será exigido "atuar de forma mais responsável em relação à boa governabilidade, a manutenção da ajuda e a consideração da democratização. A organização humanitária Oxfam lamentou que os países ricos tenham quebrado suas promessas de aumentar a assistência aos países em desenvolvimento. "Há uma falta de direcionamento na concessão necessária de financiamento aos países pobres", declarou Jeremy Hobbs, da Oxfam Internacional, fazendo um apelo aos "Oito Grandes" para que reajam com urgência na cúpula de Toyako.

INTERNACIONAL / Venezuela

Chávez unifica polícias para enfrentar criminalidade

CLAUDIA JARDIM
da BBC, em Caracas

Pressionado pelos altos índices de criminalidade, o governo da Venezuela vai promulgar nesta terça-feira o Sistema Nacional de Polícia, resultado de um processo de reforma policial realizado no ano passado que pretende atenuar o principal motivo de preocupação dos venezuelanos: a violência.

O novo sistema prevê a constituição de uma Polícia Nacional "preventiva e humanista", de acordo com o governo, que deverá substituir os corpos de segurança estatais, municipais, federais e de inteligência existentes atualmente.

"É necessário acabar com esse desmembramento da polícia em distintos corpos, uniformes, salários, armas de guerra e procedimentos, como se fôssemos 20 países dentro de um só", disse o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que após perder o referendo de dezembro passado prometeu realizar uma gestão mais eficiente, tendo a segurança como uma de suas prioridades.
De acordo com a nova lei, a Polícia Nacional também deverá assumir características de polícia comunitária e promover a participação dos cidadãos em uma tentativa de reduzir o número de delitos e homicídios.

Insegurança

A demanda não é pouca. De acordo com o instituto de pesquisas Hinterlaces, 79% dos venezuelanos consideram a insegurança o principal problema do país.

Para a oposição, o governo tem sido negligente no combate à criminalidade.

De acordo com um levantamento do Centro para a Paz e Direitos Humanos da Universidade Central da Venezuela, publicado no relatório 2007 do Programa Venezuelano de Educação-Ação em Direitos Humanos (Provea), quando Hugo Chávez venceu as eleições presidenciais, em 1998, o índice de homicídios era de 25 assassinatos por 100 mil habitantes.

Após nove anos de governo, o número subiu para uma média de 45 mortos por 100 mil pessoas em 2007, com cerca de 13 mil assassinatos no mesmo período. No Brasil o índice é de 23 mortos por 100 mil habitantes.

O relatório do Provea gerou controvérsias. O ex-vice-presidente José Vicente Rangel admitiu que a insegurança é um dos problemas enfrentados pelo governo, mas disse não acreditar nos números do Provea.

"Estes números estão superestimados e contam com uma manipulação política. As cifras reais são inferiores", afirmou Rangel à BBC, sem apresentar outros indicadores.

O Ministério de Interior e Justiça anunciou que o número de homicídios foi reduzido em 60% nos últimos meses, a partir da implementação do Plano de Segurança lançado em janeiro, orientado basicamente para a proteção civil.

Pobreza

Para o presidente venezuelano, a violência é conseqüência direta da exclusão social. Mas enquanto o governo anunciava a redução dos índices de pobreza, paralelamente crescia o número de delitos.

A pesquisadora Josbelk González, do Centro para a Paz, afirma que é um erro relacionar o grau de pobreza aos números de criminalidade. "O social é muito importante, mas não podemos esperar que uma intervenção de sucesso no social automaticamente dê como resultado uma diminuição nos índices de criminalidade e homicídios", diz González.

Para a pesquisadora, o aumento dos índices de violência está relacionado com a impunidade e a ausência do Estado como juiz na solução de conflitos.

"A falta do Estado como árbitro nas relações sociais, o acesso precário à Justiça e a impunidade são algumas das causas do crescimento da violência", afirma.

Ausência

Assim como ocorre em favelas do Rio de Janeiro, na periferia de Caracas é comum que após um enfrentamento entre grupos, geralmente ligados à venda de drogas, se estabeleça um toque de recolher.

A polícia na periferia também é malvista, geralmente associada à repressão, e muitas vezes tão temida como a recente presença de grupos de paramilitares, cada vez mais freqüentes nos barrios (favelas), de acordo com o Provea.

"Nossa proteção somos nós mesmos que fazemos, ninguém aqui acredita na Justiça", diz o motoqueiro Anibal Gil, 38, morador do bairro de La Vega, no oeste da capital.

Gil afirma que há anos se transformou no "policial" de sua família. Ele conta que há sete anos um de seus três irmãos foi morto. "Tenho uma arma, não desfilo com ela, mas é preciso ter. No caso de uma emergência temos que sobreviver", diz.

Armas

Atualmente, cerca de 5 milhões de armas de fogo estão distribuídas entre a população venezuelana, das quais apenas 1,5 milhão estão legalizadas.

Josbelk González, do Centro para a Paz, prefere esperar os resultados do novo Sistema Nacional de Polícia para fazer uma avaliação, mas afirma que "a iniciativa não é a solução para o problema, e sim um primeiro passo".

O morador de La Vega vê com cautela a reforma policial. A seu ver, o programa só será eficiente se "cortar o mal pela raiz".

"O governo tem que pagar bem o policial para eliminar a corrupção e treiná-lo psicologicamente para entender que se está lidando com gente", diz Gil.

A outra saída, para Gil, está no social. "É preciso dar educação associada a uma oportunidade digna de trabalho e lazer. Se não, a meninada vai escolher o caminho mais curto para sobreviver."