quarta-feira, 7 de maio de 2008

INTERNACIONAL/ Mianmar

Avião com ajuda humanitária para Mianmar demorará dias para chegar

da Efe, em Genebrada
Folha Online

O avião com 25 toneladas de suprimentos da ajuda humanitária da ONU para as vítimas do ciclone Nargis em Mianmar, cujo recebimento foi autorizado pelo governo local, ainda demorará vários dias para decolar da cidade italiana de Brindisi, tempo em que toda a sua logística será preparada.

A informação foi divulgada pela porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha, na sigla em inglês), Elizabeth Byrs, que desmentiu que a aeronave partirá nesta quarta-feira da base logística do organismo.

"É o procedimento normal. Tudo isto leva tempo. É preciso encontrar um bom avião, que se adeqüe à pista onde deverá aterrissar em Mianmar, a carga deve ser preparada e montada, é necessário fazer todos os trâmites", disse Byrs.

A porta-voz afirmou que o atraso não se deve a impedimentos impostos pelo governo militar birmanês, que deu sinal verde para a chegada da ajuda, após uma reunião realizada na terça-feira com representantes da Ocha em Nova York.

Byrs ressaltou que a autorização da Junta birmanesa inclui a viagem de uma pequena equipe da Ocha no avião para acompanhar a carga.

O carregamento, que sairá de um depósito da ONU em Brindisi, na Itália, incluirá tendas, tabletes de purificação de água, geradores, lençóis de plástico, jogos de cozinha e cobertores para os sobreviventes do ciclone que, além dos 22,5 mil mortos, deixou 41 mil desaparecidos e 1 milhão de desabrigados.

Ajuda internacional

Também nesta quarta-feira, a França defendeu que o Conselho de Segurança da ONU obrigue as autoridades de Mianmar a aceitarem ajuda internacional para as vítimas do ciclone.

O ministro de Exteriores da França, Bernard Kouchner, afirmou que seu país estuda se, em virtude da "responsabilidade de proteger", pode haver uma resolução das Nações Unidas que "imponha" ao Governo birmanês a chegada da ajuda.

O conceito de "responsabilidade de proteger", aceito pela ONU, permite socorrer a população civil caso as autoridades nacionais não façam isto, embora isto represente uma violação da soberania, declarou.

A responsabilidade de proteger é a tradução do dever de ingerência humanitária, declarou Kouchner, que foi um dos fundadores de ONGs como os Médicos Sem Fronteiras e os Médicos do Mundo.

O ministro de Exteriores disse algumas horas antes, após o Conselho de ministros, que "se existe uma catástrofe na catástrofe, são as autoridades birmanesas".

"O que fazemos é insistir várias vezes para ter acesso", declarou, e disse que há navios franceses, britânicos e indianos com helicópteros diante da foz do rio Irrawaddy, que poderiam chegar à região atingida em algumas horas para levar água, remédios e alimentos para as vítimas do ciclone, mas que a junta militar no poder em Yangun não deu permissão para uma ação.

Apesar de autorizar o vôo para a entrega de itens de emergência, a porta-voz do Ocha afirmou que cinco membros da ONU especializados em administração de desastres que estão na Tailândia ainda não receberam vistos que permitem a entrada em Mianmar.

Outras agências de ajuda humanitária também estão esperando vistos que permitam a entrada no país, que faz fronteira com a China, Índia, Bangladesh, Laos e Tailândia.

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