quarta-feira, 25 de junho de 2008

BRASIL / Perfil


Perfil - Ruth Cardoso
Trabalhos contra a exclusão social

Edson Luiz
Da equipe do Correio

A discrição era a marca de dona Ruth Cardoso, tanto na vida pessoal quanto no período em que seu marido, Fernando Henrique Cardoso, esteve à frente da Presidência da República.

Paulista de Araraquara, a ex-primeira-dama, que faria 78 anos no dia 19 de setembro, era uma intelectual e se dedicava, nos últimos anos, à sua organização não-governamental voltada para o voluntarismo, uma área da qual cuidou durante os anos em que esteve no Programa Comunidade Solidária.

Ultimamente estava no conselho da Comunitas, que combate a pobreza e a exclusão social. Antropóloga respeitada no Brasil e em vários países, casou-se em 1953 com Fernando Henrique, com quem teve três filhos. Ruth Cardoso era avessa a holofotes, mesmo durante as campanhas de eleição e reeleição de Fernando Henrique.

Não gostava de ser chamada de primeira-dama e nem se acostumava aos luxos, ao assédio e ao papel de mulher de presidente. E seu espaço foi muito além disso no período de janeiro de1995 a janeiro de 2003, quando morou no Palácio da Alvorada. Sua influência no governo não era freqüente, mas quando isso acontecia, fazia questão de deixar marcada sua posição.

Como em 1996, quando Fernando Henrique vetou artigo de uma lei que permitia a esterilização de mulheres. Questionada, disse que a decisão era equivocada, já que isso era uma reivindicação antiga das mulheres. O presidente voltou atrás. Na campanha presidencial de 1994 falou sobre o PFL — hoje DEM —, partido aliado de Fernando Henrique.

Tinha o PFL bom e outro nem tanto. No segundo grupo, disse Ruth Cardoso, estava o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, morto no ano passado. Apesar disso, em suas aparições pouco falava com a imprensa, a não ser do Comunidade Solidária, pelo qual viajou por várias partes do país.

A ex-primeira-dama esteve em cargos importantes, como no conselho assessor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre a Mulher e o Desenvolvimento e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Ruth Cardoso deu aulas de antropologia e ciência política na Universidade de São Paulo e foi pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) em seu estado. Durante o regime militar, acompanhou o marido no exílio no Chile e França, onde escreveu livros e ficou conhecida.

Correio Braziliense - 25/6/2008

Nenhum comentário: