quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

INTERNACIONAL / FARC

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COLÔMBIA
Presidente autoriza libertação
Em declaração lacônica, Álvaro Uribe promete “colaborar, como sempre fez”, para o resgate de quatro reféns das Farc. Guerrilha esquerdista deve entregar os cativos ainda hoje a voluntários da Cruz Vermelha

Correio Brailiense - 27/2/2008

O governo colombiano deu o sinal verde para a operação de resgate de quatro ex-parlamentares que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) prometeram libertar hoje, após seis anos de seqüestro. A operação será mais uma vez coordenada pelo governo da Venezuela. No início da noite de ontem, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha ativou as operações para dar assistência a Caracas durante o processo. Em breve declaração divulgada pelo Palácio de Nariño, o presidente Álvaro Uribe disse que seu governo “vai colaborar, como sempre fez”, para a entrega de Gloria Polanco de Lozada, Orlando Beltrán Cuéllar, Luis Eladio Pérez e Jorge Eduardo Géchem Turbay. Em 31 de janeiro, as Farc anunciaram que entregariam os três primeiros ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e à senadora colombiana, Piedad Córdoba. No fim de semana, o grupo acrescentou o nome de Turbay à lista, devido a seu grave estado de saúde. Em carta ao chanceler venezuelano, Nicolas Maduro, o colega colombiano, Fernando Araújo, reiterou “a disponibilidade de iniciar o processo de imediato e culminar a operação amanhã (hoje) mesmo”. O procedimento seguirá o padrão da operação de 10 de janeiro, quando foram soltas a ex-candidata a vice-presidente Clara Rojas e a ex-parlamentar Consuelo González de Perdomo. Na segunda-feira, o ministro do Interior da Venezuela, Ramón Rodríguez Chacín, afirmou que o governo Chávez já recebeu todas as coordenadas do local, no Guaviare (sul da Colômbia), em que deverão ser recolhidos os quatro reféns. Em janeiro, Rojas e Perdomo foram colocadas em liberdade nesse mesmo lugar. Chacín pediu ao Executivo colombiano que autorize a entrada de helicópteros venezuelanos e alertou que a intensificação das operações militares na região colocaria em risco a vida dos reféns. De acordo com o ministro, as ações de combate à guerrilha na área contam com 18 mil soldados colombianos. Mas o chefe do Exército da Colômbia, general Mario Montoya, garantiu a desmilitarização de uma área de 48 km² ao redor do ponto de libertação dos reféns. A operação de resgate dos ex-congressistas deve começar nas primeiras horas da manhã de hoje. Sete infartos Segundo Montoya, há preocupação com a saúde de Turbay, que já sofreu sete infartos nos últimos seis anos. Esses políticos fazem parte de um grupo de 44 reféns, inclusive soldados e policiais, além da ex-candidata presidencial franco-colombiana Ingrid Betancourt e dos militares norte-americanos Thomas Howes, Keith Stansell e Marc Gonsalves. O seqüestro de Turbay provocou a ruptura das discussões para um acordo de paz entre a guerrilha e o governo do então presidente colombiano Andrés Pastrana (1998-2002). O general Freddy Padilla, comandante das forças militares da Colômbia, procurou tranqüilizar os parentes dos reféns. “Não temam. Nós, neste momento, estamos assegurando que não haverá operações militares de nenhum tipo na área onde se encontram os seqüestrados.” Se o resgate for concretizado, será a segunda vez que as Farc entregam de maneira unitaleral e incondicional um grupo de reféns — a primeira foi a libertação de Clara Rojas e Consuelo Perdomo. Os ex-parlamentares que podem ser libertados integram um grupo de reféns que as Farc consideram passíveis de troca por rebeldes presos, dentro do previsto em um acordo humanitário.
Estamos assegurando que não haverá operações militares de nenhum tipo na área onde se encontram os seqüestrados

Na Venezuela, batalha contra o inglês

O governo do presidente Hugo Chávez estendeu sua batalha contra o imperialismo norte-americano, ao determinar que as companhias telefônicas evitem termos em inglês na linguagem técnica e de negócios. A campanha começou nesta semana pela estatal CANTV, cujos funcionários deverão evitar o uso de palavras como staff (equipe), marketing (mercadologia) e password (senha). Faixas e cartazes foram impressos pela empresa de telecomunicações — retomada pelo Estado em 2006 —, incentivando os trabalhadores a adotarem a medida. “Diga em espanhol. Diga com orgulho”, é o lema. A idéia, segundo o governo, é “criar uma consciência sobre o uso da língua castelhana como prática social indispensável para manter viva a cultura” venezuelana. A lista dos estrangeirismos inclui as palavras meeting (reunião) e mouse — usado em computadores, que deverá ser chamado de “rato”. “As palavras anglo-saxônicas estão se tornando comuns mesmo quando têm seu equivalente no espanhol”, acrescenta a nota publicada pela estatal Agência Bolivariana de Notícias (ABN). A campanha teria nascido da preocupação de um grupo de funcionários da empresa, que notaram o uso ostensivo dos anglicismos. Substituições O Ministério de Comunicações e Informações anunciou, por meio de nota, que os venezuelanos devem recuperar as palavras espanholas “naqueles setores em que foi iniciada a batalha pela dominação cultural do nosso país”. Outras palavras em inglês também deverão ser substituídas, como meeting e sponsor (patrocinador) — todas usadas normalmente em países latino-americanos no idioma local. O presidente esquerdista quer conter o que chama de imperialismo cultural dos Estados Unidos em todas as frentes, financiando o cinema venezuelano como uma alternativa para a “ditadura de Hollywood” e forçando emissoras de rádio a tocarem mais músicas venezuelanas. O inglês é matéria obrigatória em escolas do ensino médio na Venezuela e em algumas carreiras universitárias. E o próprio Chávez às vezes arrisca algumas palavras no idioma durante seus discursos, como quando cumprimenta o ex-presidente cubano Fidel Castro, começando a conversa com um jocoso How are you, Fidel? Chávez é um férreo opositor do atual governo norte-americano, a quem acusa de promover constantes conspirações contra o regime venezuelano e de ter envolvimento no golpe de Estado frustrado em 2002, quando o presidente ficou menos de 48 horas afastado do poder. O chefe de Estado da Venezuela pagou US$ 1,3 bilhão por 79,62% das ações da CANTV, que tinha entre seus acionistas principais o conglomerado dos EUA Verizon Communications Inc.

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