sábado, 9 de fevereiro de 2008

INTERNACIONAL / Independência de Kosovo

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Kosovo declara independência da Sérvia
BBC Brasil em 18/2/2008

A população celebrou a declaração da independência nas ruas.

O Parlamento de Kosovo aprovou a declaração da independência da província sérvia feita pelo primeiro-ministro Hashim Thaci durante uma sessão especial neste domingo, na capital Pristina.
A sessão contou com a presença de 104 parlamentares.

Durante a sessão, o premiê Hashim Thaci afirmou que "muitas pessoas se sacrificaram para que a independência se tornasse realidade e esperamos por este dia durante muito tempo".

"Kosovo é independente, soberano e livre", disse Thaci. "Hoje nós estamos entre as nações livres do mundo".

Ele garantiu que o país irá obedecer aos preceitos da ONU (Organização das Nações Unidas) e das leis internacionais e pediu o reconhecimento da comunidade internacional.

O premiê afirmou ainda que a nova república terá boas relações com a Sérvia.

Thaci assegurou que os direitos da minoria sérvia serão respeitados com a independência.

"Todas as comunidades terão um papel importante na construção da nação, não há lugar para medo e discriminação em Kosovo. Qualquer ato de discriminação, principalmente contra as minorias, será removido das nossas instituições e do nosso Estado".

Comemoração e revolta

Milhares de kosovares saíram às ruas para comemorar o anúncio da independência do país. O governo preparou shows para a população e oito toneladas de fogos de artifício serão usadas nas celebrações.


Veja fotos das comemorações


Assista às comemorações nas ruas

Thaci vinha dando indicações de que a independência seria declarada neste final de semana e milhares de kosovares de origem albanesa já comemoravam a decisão desde a madrugada.

Entre os sérvios, a notícia foi recebida com revolta. Horas após o anúncio da independência, mais de mil manifestantes lançaram pedras contra a embaixada americana na capital sérvia, Belgrado.

A multidão gritava que o Kosovo é "o coração da Sérvia". Há relatos de que alguns policiais tenham ficado feridos.


Policiais enfretaram manifestantes em Belgrado

Há alguns dias, o governo americano já havia sinalizado que apoiaria a decisão do governo kosovar em relação à independência.

ONU

Horas após a declaração de independência, o Conselho de Segurança da ONU realizou uma sessão de emergência a pedido da Rússia.

O objetivo da Rússia era convencer os membros do Conselho a anularem a decisão do Parlamento kosovar.

O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, disse aos jornalistas que a resolução de 1999 que prevê a administração da província pelas Nações Unidas ainda é válida e, portanto, a independência não é respaldada pela lei.

Após a sessão extraordinária, o representante britânico John Sawers disse, no entanto que nenhum dos membros apoiou a iniciativa russa.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu às partes envolvidas que contenham qualquer manifestação de violência.

Ele disse que o enviado especial da ONU a Kosovo lhe deu garantias de que a província independente não perseguiria a minoria sérvia.

O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir novamente nesta segunda-feira para outra sessão de emergência, que deverá contar com a participação do presidente sérvio Boris Tadic.

Opositores

Quando assumiu o poder, em dezembro passado, primeiro-ministro Hashim Thaci, ex-guerrilheiro que lutou contra a Sérvia entre 1998 e 1999, afirmou que a independência da província seria uma das primeiras medidas do seu governo.

Os governos da Sérvia e da Rússia já haviam afirmado que não reconheceriam a independência de Kosovo.

No juramento de posse para o segundo mandato no cargo, o presidente eleito da Sérvia, Boris Tadic, prometeu nunca desistir da luta pela província, considerada o coração religioso e cultural do país.

A declaração foi reforçada por outra, do primeiro-ministro Vojislav Kostunica. Ele pediu aos sérvios que vivem em Kosovo que não abandonem o território e disse que eles têm o direito de ignorar qualquer proclamação de independência.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que seria ilegal e imoral a comunidade internacional reconhecer a independência da província.

Além da Rússia e da Sérvia, a Bósnia-Herzegovina e Montenegro também são contra a independência.

Bálcãs

A população dos Bálcãs está acompanhando de perto os eventos no Kosovo e as consequências que a independência da província poderá trazer para a região.

A Albânia e a Eslovênia devem ser os primeiros países a reconhecerem a independência.

Já a Macedônia e a Bósnia devem hesitar em reconhecer a ruptura, pois também sofrem com problemas de separatismo étnico.


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